Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/42

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Vaz Caminha ia transpor a porta da livraria, quando a voz do P. Molina o fez voltar.

— Doutor, olhai que vos esqueceu a bengala!

— É verdade! disse o licenciado mordendo os beiços; ia tão distraído.

Tomando a bengala e despedindo-se de novo, o velhinho desceu enfim a escadaria do convento; o P. Inácio tinha-se retirado à sua cela. Ficando só com Fernão Cardim, o P. Gusmão de Molina deu uma volta pela sala deserta, sondando com o olhar os escuros recantos, e parou junto do bufete, onde o provincial estava ocupado em recolher as peças do jogo.

— Fareis reunir esta noite o capítulo, padre provincial! disse em voz baixa, examinando um dos trebelhos de marfim.

— O capítulo? replicou Fernão Cardim como homem que não compreende o que se lhe diz.

— O capítulo, sim, padre provincial, respondeu o jesuíta sorrindo.

— P. Molina, chegastes hoje; isso releva a falta que acabais de cometer. Talvez nas outras províncias se pratique de maneira diversa,