Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/62

Wikisource, a biblioteca livre

— Por isso não; meios nunca faltam, respondeu Vaz Caminha com sua mansidão ordinária.

— Pois se o sabeis, servi-me com o vosso conselho.

O licenciado chegou-se ainda mais ao grupo, e alçando a voz, bradou:

— O alcaide e seus homens!

Imediatamente, como por uma influência mágica daquelas palavras, o grupo se abriu, e os espectadores voltaram-se, interrogando com os olhos e com a fala, para saber onde apareciam as personagens anunciadas, a quem competia velar sobre a segurança pública.

Aproveitando a primeira aberta, o advogado barafustou por entre o povo; após ele o mestre de capela e a matrona em quem a curiosidade podia mais do que o receio de uma segunda descabelação; porém os três pararam diante do espetáculo horrível que se apresentou às suas vistas.

Um mariola trigueiro, com a fisionomia decomposta pela raiva, a fronte golpeada, os cabelos em desordem e o olhar inflamado, brandia na mão direita uma larga adaga já escorrendo sangue, e com o braço esquerdo cingia pelo talhe uma pobre moça, que ele meneava como um escudo,