Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/70

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o torneio. A pouca distância um vulto aproximou-se deles e com voz lacrimosa solfejou:

— Esmola pelo amor de Deus!...

— Não trago moeda comigo! murmurou a dama.

Estácio tirou da cinta a bolsa esquia, e se não fosse a escuridão, sua companheira veria o rubor que lhe acendeu as faces. Com doce violência, cheia de faceirice, ela arrebatou-lhe a bolsa das mãos, exclamando:

— Quero dar-lhe eu mesma! Depois voltarei o que ficar-vos a dever.

Tirou da bolsa algumas pequenas moedas de prata, resto dos dobrões deixados pela mãe de Estácio, e deu-as à mulher que implorara a caridade e logo sumiu-se. Então os seus dedos nevados, com uma graça irresistível, repuseram a bolsa à cinta do cavalheiro.

— Ora vos deixo, cavalheiro. Ide-vos, aonde já revoam vossos pensamentos.

Desprendeu-se do braço de Estácio e afastou-se, lentamente, como se desejasse ser retida; mas ele ficou olhando-a alguns instantes, e encaminhou-se à casa de Cristóvão que já o esperava.

Juntos se dirigiam a palácio, quando o burburinho dos curiosos, os gritos dos adversários, o