Estas palavras e o relincho sardônico que as envolveu, vibraram tristemente na alma de Cristóvão. Não que fosse supersticioso; porém a amizade que votava a Estácio era sensível e nervosa, como a afeição de uma dama. Voltou-se para a feiticeira.
— Vinde cá, mulher! Tomai...
Apalpou o cinto e sorriu; lembrara-se de aplacar as iras da Sibila das ruas, e conheceu que não tinha moeda.
— Trazes bolsa, Estácio?
— Que significa isto?... exclamara o outro.
O estudante, tirando da cinta a bolsa para dá-la ao amigo, ficou surpreso porque não era a sua, mas outra primorosamente bordada a fio de prata e pérolas. Abrindo-a viu que estava cheia de meias dobras. As mãos lhe queimavam como se brincasse com brasas ardentes; parecia-lhe que os olhos de toda a multidão o perseguiam como o receptador do alheio.
Cristóvão também admirado replicou:
— Estás mais rico do que esperavas?
— Esta bolsa não me pertence!
— E como se acha em teu poder?