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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/88

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Quem quereis que veja olhinhos,
Que se não perca por eles
Lá por uns jeitinhos lindos
Que vos metem em caminhos;
E não há caminhos neles,
Senão espinhos infindos.


Houve momento em que a alfeloeira suspirou; sentiu cobrir-lhe o coração uma das nuvens de melancolia que às vezes passavam no céu dos seus pensamentos. Breve rarefez-se a névoa, pois ainda no fundo de sua alma ingênua e pura não estancara a fonte das alegrias inefáveis da juventude, que o mundo, vasto areal, a pouco e pouco vai sorvendo, até que a exaure.

Quem a visse então, acompanhando a música do sarau com a voz e as inflexões da cabeça, traçando com a ponta do pé figuras e passos de dança, e dando estalinhos de castanhola nos dedos, não julgara possível esconder aquele sereno júbilo da mocidade um pesar oculto.

Passavam Bartolomeu Pires e Vaz Caminha. O licenciado oferecera ao mestre de capela uma vez de vinho; nessa intenção dirigiram-se à bodega do Brás.