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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/104

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que partiu do Rio de Janeiro por fins de 1607, em demanda do porto de Lisboa. Tendo feito escala por Pernambuco, bordejava na altura da Assunção, às baforadas de uma fresca brisa que salteava a cada instante de um a outro ponto do quadrante.

Era noite escura e alta.

O frade, que estivera praticando no tombadilho com o comandante do galeão, agora absorto em cogitações largas, sentara-se em um rolo de calabre contra a amurada. Correu o tempo; entrara há pedaço o quarto da modorra. Ninguém mais, à exceção do jesuíta, havia àquela hora adiantada sobre o convés de popa.

Entre o coaxar das ondas batendo os flancos do navio e os estalos da armação, ouvia-se por momentos, trazido pela brisa, um murmúrio de vozes abafadas, que vinha de estibordo. Na posição do P. Molina, a sota-vento, as palavras embora proferidas em tom soturno, deveriam chegar bem perceptíveis; não as escutava ele porém, tão alheio estava de si naquele instante.

Uma exclamação mais viva perturbou porventura as cogitações do religioso, que aplicou o ouvido e conhecendo donde partia o murmúrio