das vozes, aproximou-se manso e manso, tomado de alguma curiosidade, porém mais do desejo de qualquer preocupação que o arrancasse ao turbilhão de seus íntimos pensamentos.
Junto do mastro grande, no espaço deixado entre uns caixões servindo de galinheiros e gaiolas de animais, estavam sentados quatro sujeitos, apostados a quem esvaziara mais depressa uma grande escudela cogulada de chanfana e uma meia dúzia de botelhas, que surdiam dentre os massames de corda na ocasião precisa, e lá sumiam-se de novo depois de larga libação. Era essa uma medida de prudência para o caso de surpresa.
O acaso, o mais engenhoso dos fabricadores de dramas, juntara ali, na tolda de um navio perdido na imensidade do oceano, esses quatro indivíduos, que nunca anteriormente se tinham visto, e talvez não se reunissem mais nunca neste mundo, finda a jornada que os associara.
Um deles era o gajeiro, mestre Antão Gonçalo, que preferia fazer o seu quarto em boa companhia a vigiar só e desconsolado. Outro tinha ares de mariola de praça, e não passava dos seus vinte anos. O terceiro, grisalho já, mas bem fornido de bigodes e pera, retratava mui ao vivo um tipo daqueles