Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/211

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ser aquela sua dama a mesma Flor de Beleza de que aí se tratava, correu em busca de seu corcel, que deixara na pousada. Era o famoso corcel negro, mais ligeiro que o vento, mais bravo que um pelouro.

“Já tocam as alvoradas de charamelas e trombetas na entrada da carreira. Os cavalheiros estavam recolhidos às suas tendas. A gente da nobreza nos palanques, a do popular no terreiro. Chegou El-Rei, guiando pela mão a princesa sua filha. Foi um resplendor que alumiou a praça toda, quando Flor de Beleza apareceu. Parecia a rainha das fadas, se não era mais formosa. O vestido que trazia era azul e de muito primor; tinha no toucado tanta pedraria fina que cegava os olhos. A princesa cercou com os olhos a teia, e ficou triste porque não viu em nenhuma flâmula as cores do seu cavalheiro, que eram, escapou-me advertir, azul e branco.

“A um senho de El-Rei travaram-se as justas e pelejas, levando a todos de vencida um príncipe não mal parecido e afortunado de todos os bens. Mas ainda que ele era mui particular amigo e companheiro do irmão de Flor de Beleza, não tivera o dom de tocar-lhe no coração para outro reservado.”