Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/217

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burel cor de vinho, divulgava o recém-chegado a regra de sua observância; era sem dúvida a melhor amostra do frade bento, tal como o conheceram ainda nossos avós. Fisionomia beática, olhos espertos e folgazões, mansuetude do gesto, palavra insinuante, era o que logo inculcava o aspecto do religioso.

— Entre, Frei Carlos da Luz, nesta sua casa.

Depois de informar-se da saúde espiritual e corporal da dona e filha, e dar sua bênção às escravas, pajens e crias, o religioso acomodou-se numa poltrona ao lado de D. Ismênia, e enterrando o pescoço no gordo toutiço, esperou que advertissem a D. Francisco de Aguilar da sua visita. Entretanto os olhinhos cerrados com o peso das grossas pálpebras, viam pela estreita fresta quanto passava no aposento.

À entrada do frade, Inesita mordera os lábios de despeito, e Joaninha não se pôde conter que não lhe atirasse por detrás um momo, que fez sorrir a D. Ismênia. A dona tinha suas razões para não agasalhar muito o beneditino, que em compensação, protegido pela parte masculina da casa, ia seu caminho sem dar-se por achado. Assim mal respondeu às primeiras saudações,