Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/240

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ao governo da Companhia, ele possuía ao mesmo tempo a ciência do superior que se faz temido, e do inferior que se faz amável.

— Folgo de ver V. Reverendíssima já refeito das fadigas do mar.

Gratia, padre provincial!... V. Reverência acomode-se para aqui.

— Vênia, P. Visitador. Passei unicamente para saber de V. Reverendíssima, como dormiu e se gosta de caça, porque agora mesmo mandou-nos um amigo e devoto da casa, D. Lopo de Velasco, um veado de sua monteria e dois nambus.

— D. Lopo de Velasco, diz V. Reverência? Vive ele nesta cidade?

— No Recôncavo, cerca de légua e meia da porta do Carmo. No lugar de São Gonçalo.

— Ah! não sabia.

— Conhece-o V. Reverendíssima?

— Vi-o em Lisboa há coisa de ano, quando estava ele a partir para seu desterro do Brasil. Pouco trato tivemos.

— Grande caçador, perante Deus, como Nemrod. V. Reverendíssima julgará.

— Não hoje, que é dia de preceito.