Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/43

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Sanzio disse – Anch’io son’pittore! Era o grito da inspiração, a voz do gênio revelando uma vocação. No menino castelhano falou a vontade somente; seu grito era o da ambição precoce, intensa no querer, mas vaga ainda no objeto.

— Também serei pintor!

Significava isto: Também serei admirado assim, e por conseguinte famoso; também verei uma cidade grande, talvez uma nação, o mundo inteiro, agitar-se ao redor de mim, tendo na boca um só nome, o meu.

A custo conseguiu D. Aníbal que Vilarzito se apartasse daquela rua, para ir à próxima venda, onde contava pousar. O menino dormiu mal; se dormiu, teve sonhos brilhantes. Ao romper d'alva já ele estava de pé à beira do leito do cavalheiro, esperando que abrisse os olhos.

— Cavalheiro, venho apresentar-lhe minhas despedidas.

— Han!... Que dizes tu, escudeiro?... respondeu D. Aníbal bocejando ainda.

— Não sou mais escudeiro, pois me parto de sua companhia.