— Por que não descobrirei eu também um mundo? Deve de haver um terceiro, ainda desconhecido, por essa imensidade dos mares!...
E tinha razão. Esse terceiro mundo existia; já ele começara então de surgir do infinito, filho do oceano de quem derivou o nome. Mas a glória de o descobrir, a providência não a reservara para o humilde aguador de Burgos, agora estudante em Salamanca. Não obstante, uma semana inteira andou aquele pensamento a tumultuar-lhe no cérebro. Ao cabo, parece que tomou uma resolução:
— Colombo se partiu de Palos. Vou-me eu também a Palos. À la ventura!
Vilarzito tinha dois meios de viajar; ou se oferecia por pajem a algum cavalheiro, ou tratava com os almocreves para lhes tocar as mulas de carga. Desta vez foi o último expediente o que mais pronto lhe apareceu; de recova em recova, topou afinal com uma que fazia o serviço entre Sevilha e Palos. Sua tenção era embarcar aí como grumete do primeiro navio que o recebesse, e atirar-se à vida do mar. Um dia, não muito longe, havia de subir a sargento-mor e ter ao seu mando uma nau ou mesmo uma galé. Então se lançaria