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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/74

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calhandra nos primeiros eflúvios da primavera, forrava de macia relva o caro ninho. À tarde do último dia ela sentou-se no terraço, com os olhos no horizonte, e esperou. Quando à meia-noite ergueu-se para recolher, seu lábio murmurou:

— Ele não me quer tanto, como eu a ele... Senão teria chegado!

Talvez que um obstáculo imprevisto demorasse o moço, pesar do seu desejo, não só um, porém mais dias: não havia motivo ainda para se afligir. Tamanha devia de ser a sua felicidade, que Deus, para que ela a não matasse, a preparava por uma maior prova.

Esperou. Deus sabe quantas lágrimas lhe custou; lágrimas que lhe empanaram o brilho dos lindos olhos, e desbotaram-lhe as faces.

Uma noite enfim Dulce sentiu um grande abalo; pareceu-lhe que o coração rompera dentro. Era a morte da esperança. A donzela ergueu-se lívida, para cair fulminada pela dor; o resto da noite foi um horrível sofrimento.

Pela manhã a menina vestiu-se de luto e foi ter com o granjeiro.

— Pai, meu esposo é morto a esta hora. Eu vou-me a Sevilha, para morrer junto dele.