Dulce contou com singeleza o sucedido, sem esconder a mínima circunstância. Que tinha a esconder ela na candura do seu amor? O pai depois de muito ralhar, feliz de ver a filha restituída à sua ternura, perdoou; a mãe benzeu-se, como costumava nas ocasiões solenes; e a família voltou à habitual tranquilidade.
Mas em Dulce uma revolução profunda se consumara. Uma hora só por cima dos seus quinze anos acabava de fazer da menina travessa uma dona séria e prudente. Ela preparava-se já com certo orgulho para as inefáveis ternuras do amor conjugal e para o grave papel de esposa.
Essa primeira noite não dormiu, passou-a toda rezando à sua imagem de Nossa Senhora das Candeias, e conversando com a sombra de Vilarzito sobre sua felicidade. Às vezes receava que essa felicidade tamanha não pudesse caber naquela alcova tão acanhada, pois só com a lembrança dela sentia-se sufocar. Outras vezes corria os olhos pelos seus trastes singelos, e se alguma coisa não lhe parecia bem, saltava do leito e ia arranjá-la, para que não desagradasse aos olhos de Vilarzito.
Oito dias decorreram, nos quais Dulce, como a