Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/76

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raio de graça, a quem se julgava para sempre dela desamparada.

Com este dizer, que saía bem fundo d'alma, prostrou-se de novo aos pés do altar; santo fervor brotava-lhe do seio opresso. Arrastaram-na depois esperanças fagueiras e impacientes afogos aos joelhos do velho, que ela abraçou:

— Repeti! oh! repeti, santo homem, que o vistes, que vivo é, aquele que meus olhos não pensavam mais ver neste mundo das desventuras minhas! Dizei-me, bom donato, piedoso senhor, dizei-me onde se foi ele? Que má hora o levou? Onde o tem, longe da esposa, o mau fado meu?

Estas e outras falas de tão angustiado coração ficaram sem resposta. O velho nada mais sabia do que disse: nem a certa data, nem sinais do moço devoto, lhe ficaram na cansada reminiscência.

Dulce entrou mais triste, se é possível, do que saíra. O pai que de sua parte não se poupava à fadiga em cata de novas boas ou más do desaparecido, desenganado já, não tinha mais esperança, que lhe fosse conforto da dor.

A filha contou-lhe o que era passado. Correu ele ao sacristão, cuidando comprar com ouro, o que não