os sobre o fidalgo, duros e severos como olhos de juiz supremo que condena.
— Eu vos agradeço, senhor, por me haverdes falado a linguagem do rancor e da maldade. Destes-me a força, que eu não teria talvez, se vos achasse a alma boa e bem intencionada. Destes-me a força de punir-vos a soberba!
— Estais louco, velho?... gritou Fernando.
— Sentai-vos e ouvi-me. Eu vo-lo ordeno em nome daquele de quem trazeis o nome.
— De meu pai?... acudiu o moço escarnecendo.
— E com a autoridade que me dá o seu testamento!
Essa última palavra foi de efeito mágico; o fidalgo demudou-se inteiramente; da mofa e escárnio passou à ansiedade.
— Naturalmente vos disseram, quando chegastes à maioridade, que vosso pai declarara na hora da morte ter feito seu testamento; mas que esse não foi encontrado.
— Como se acha ele em vossas mãos? E por que até agora o não apresentastes?...
— Breve o sabereis; e então julgareis melhor