Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/244

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a segunda pouco antes de escurecer... Quando o sono me tomou, já era sol baixo; e não é natural que venha noite fechada!... É justamente a hora que convém; já não se vê; e não é ainda noite alta, em que de ordinário se dobra a vigilância! Mas sem uma arma nada posso fazer!...

O mancebo fez uma pausa na sua meditação, e repassou de novo o projeto:

— Como poderei eu ter um punhal?...

Na solução desse problema, trabalhou a noite inteira o espírito do mancebo; até que afinal a fadiga o venceu de novo e sopitou. Foi acordado pelo carcereiro, que passava a sua primeira inspeção. Estácio abriu os olhos e esteve-o medindo com eles. Era homem forte e robusto, que acusava um vigor formidável. O moço depois de estudá-lo com atenção e calma suspirou dizendo consigo:

— Não tenho remédio senão matá-lo! Um homem destes não é para minhas forças subjugá-lo.

Tendo assim na mente condenado à morte o pobre carcereiro, voltou-se para não vê-lo mais; nem respondeu palavra às consolações triviais que lhe dirigiu ele. A essa alma jovem, ainda não poluída pelas paixões e vícios, parecia uma deslealdade e perfídia