Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/90

Wikisource, a biblioteca livre

e os companheiros, a porta foi logo fechada; e aquela morada voltou ao encerro e tristeza, que lhe davam aspecto de claustro, ou melhor, de alguma dessas habitações legendárias que a crença popular tinha por mal-assombradas.

O cavalheiro voltou sobre os passos acompanhado pelo pajem:

— Vede, Senhor Estácio, a tamanha coruja!... Safa!... Cada olho que arregala!...

O rapazito apontava para a ramada embastida de uma grande árvore alto-copada. De feito entre a folharada percebia-se um vulto cujas formas não se podiam bem distinguir, já pela sombra que aí reinava, já pelo encolhido e abolado dos vários membros. Sim, viam-se perfeitamente dois redondos olhos negros, esbugalhados como carbúnculos, que luziam a instantes e logo cerravam-se preguiçosamente com a sonolência diurna própria das aves de rapina.

Da primeira inspeção aquela coruja figurou-se ao cavalheiro irmã da cobra que pouco antes vira deslizar à beira do fosso; e uma, como outra, lhe pareceu suspeita. Mas ele tinha outra coisa em que pensar, e nada havia naquele acidente que lhe excitasse a atenção. Prosseguiu à busca de