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Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/135

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ouviu no meio do ronco do mar tiro de peça, um primeiro, depois outro, e outro, e outro, muitos. Pelo som, tiro era longe, em Itapoã; lá não tem fortaleza: devia ser navio.

João Fogaça afagou a face do índio, satisfeito da sua perspicácia; este beijou-lhe a mão com uma meiguice de rafeiro.

— Sabemos pois que houve combate, disse Vaz Caminha pensativo; e isso ainda mais deve aumentar as nossas apreensões. Sucumbiria Estácio?

— Qual! desterrai semelhante receio, Senhor Vaz Caminha! exclamou Cristóvão com a confiança que tinha no valor e inteligência do amigo.

— Vosso afilhado sabe o que faz!... É um homem como se encontram poucos, disse Fogaça.

— Eu o conheço! acrescentou o advogado com orgulho. Mas é jovem ainda; talvez não medisse suas forças ou a sorte o desamparasse.

— Se ele tivesse sucumbido, ao menos algum de meus caboclos se salvaria para nos trazer a notícia do desastre.

— Não entendo destas coisas de guerra; mas se não me engano, a empresa de Estácio contra os navios com tão pouca gente não podia ser outra senão tomá-los de abordagem. Não vos parece?