Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/26

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basta um sopro do Senhor. Dele espero que alcançarei persuadir a V. Mercê.

— É tentá-lo, padre-mestre.

— Senhor D. Diogo de Mariz! proferiu o visitador assumindo uma atitude grave e um tom solene; a honra que V. Mercê invoca em prol de sua resolução é o mesmo título sagrado pelo qual eu neste instante em nome de meu constituinte e da Companhia que represento, em nome especialmente dos brasões de sua cota d'armas, reclamo e protesto contra a insólita exigência que me acaba de ser feita.

— Cautela, padre!... Medi bem as vossas palavras antes de enunciá-las; e dizei logo que direitos vos dão meus brasões e minha honra!...

— Todos, nobre fidalgo, como vou provar. Ouça-me o senhor provedor sem receio de que ofenda os seus brios. Há cerca de quatro anos que foi pela esposa de Robério Dias recebida a carta que anunciava a achada do manuscrito pertencente a seu marido; e sabendo em que mãos estava ele depositado, julgou-o aí mais seguro do que nas suas próprias. Finou-se deixando ao filho o cuidado de receber o manuscrito; esse moço, apesar do imenso