menos leve o desengano que me há de matar de uma vez sem penar, ou a esperança viva que outra vez me ressuscite.
Estácio travou das mãos do velho, a impô-las sobre o coração:
— Sim, mestre; este coração estua com a sede de felicidade que o devora. Como a desgraça, o amor foi nele precoce; veio com a infância. Há tanto que ama longe das vistas dela, não tendo para alimento mais que um olhar de ano em ano! Viveu até agora da própria seiva, e sente-se exaurido de tanto afeto dado, e nenhum recebido em volta. Se novas esperanças o não encherem, há de estalar! Sim, pois me sinto como o viajante extenuado pela longa e árdua jornada: quando lhe arrancam dos lábios o licor generoso que lhe deve restituir as forças, desmaia e sucumbe!... Só ela pode dar têmpera a esta alma!
Estácio dizia a verdade; ele sentia essa ardente sede de amor, e o que ainda mais a excitara foram as palavras e os gestos da linda judia. A beleza amante e sedutora tinha despertado em sua alma o sabor das carícias, como o perfume da manga prure o paladar.