Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/308

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Estácio encarou-o com um sorriso de asco:

— Vireis assistir a este espetáculo, Sr. D. José de Aguilar?

— Sem dúvida.

— Estimo bem, replicou-lhe em voz surda, que só o ouvisse o alferes; porque na volta podereis dizer a D. Francisco de Aguilar que vos perdoe, pois foi em mim punido vosso crime infame.

D. José ficou lívido, e saiu do cárcere titubeando.

— É possível, exclamou o prisioneiro com as faces incendidas de rubor, que este miserável seja irmão de minha Inês!

Passado este assomo de indignação, veio a preocupação de sua posição:

— Antepus um instante o coração à pátria. Deus puniu-me. Se eu tivesse ido direito a D. Diogo de Menezes, estaria livre!

As palavras do alferes a princípio pareceram ao mancebo uma vã ameaça; mas refletindo agora que está só, reconhece que todas as aparências lhe são contrárias. De feito sua fuga da prisão ao mesmo tempo que a dos prisioneiros flamengos; a ignorância absoluta em que se achava o governador do que passara aquela noite e posteriormente;