as algibeiras, estando eu a dormir. Dizei o que buscais, pois talvez vos forre ao trabalho e vergonha do mister a que vos entregastes.
— Não é a culpa, senhor cavalheiro, de quem obedece, senão de quem manda. Cumpro minha obrigação de revistar os presos, para entregar ao comandante quanto trazem consigo.
— Pois deveis fazê-lo às claras, e não com ares de espião. Vamos, acabai com isso para que doutra feita não me perturbeis o sono!
O carcereiro arrancou um suspiro do peito cavernoso e esgravatou alguma coisa no canto do olho, que talvez fosse lágrima:
— Não tenhais esse cuidado, senhor cavalheiro, não vos perturbarei eu mais o sono, porque acabastes de dormir o último sobre a terra!
O mancebo sentiu um ligeiro calafrio, como se a temperatura houvesse baixado repentinamente, e à primavera da vida sucedesse o inverno glacial. Foi tudo que essa rápida transição da esperança ao luto produziu em sua alma, já embotada ao sopro mortífero.
— Quando começarei então a dormir embaixo da terra? perguntou Estácio a sorrir.
— A hora está próxima; é para as nove. O oficial, que vem intimar-vos a sentença, não