— Ouve, rapariga. Comigo são perdidos teus disfarces e representações; guarda para quem te não conheça como eu. Podes ser feiticeira para todo o mundo, que te julga velha; para mim serás sempre Zana, a moça que foi de nossa casa.
Ergueu a moça os ombros descontente, e trocou o seu papel de bruxa pelo de simples mensageira:
— Seja como quereis, pois para isso me pagais. Por onde começarei eu?
— Por ele, disse Raquel enrubescendo.
— É partido há mais de duas semanas para o sertão!
— Para o sertão, dizes?
— Sim, para o sertão, talvez que à caça do gentio para o cativar!
Raquel abanou a cabeça; e uma voz melancólica murmurou dentro de sua alma:
— Em busca de riquezas que deponha aos pés de Inês. É pobre, e ela rica de haveres!
— Agora dela? perguntou a rapariga.
— De D. Inês, sim! Conseguiste o que te recomendei?
— Ora! já me apalavrei com a gente da casa;