Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/203

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dormindo na sela sobre a paciente mula, e o trouxeram ao campo da contenda. Bem quis o discípulo de Esculápio, nas suas funções de árbitro, pender em favor de quem o pagava; mas a coisa seria calva demais; decidiu pois que a artéria do veado fora traspassada pelo estoque.

— Desde princípio que tive o páreo perdido por vós, D. Cristóvão.

— Sem dúvida; era quase impossível!

— Não percamos o tempo, que é precioso!

Isto disse Cristóvão rindo, e olhando o comendador de um modo significativo:

— D. Lopo, sou vosso devedor por cem moedas!

— Nunca foi minha intenção recebê-las, pois tinha a certeza de ganhá-las, D. Cristóvão. Blasonastes de vossa habilidade, e eu tomei-vos sobre a palavra para melhor convencer-vos de vossa sem-razão.

— Senhor D. Lopo, não estou acostumado a receber lições, e muito menos esmolas!

— Parece que estais despeitado com a perda da aposta.

— Recebereis as cem moedas ou me dareis satisfação da afronta.