Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/54

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— Há duas horas que estou livre. Nesse tempo, montado no excelente animal de que me apeei à vossa porta, tendo sob minha mão a três léguas daqui uma companhia de homens destemidos, podia estar longe e fora do alcance de vosso braço. Quando pois venho eu próprio à vossa presença, correndo novo risco de vida para chegar a ela através de vossa guarda, e isto para dizer-vos que me haveis de ouvir... Pensais, senhor governador, que eu venha pedir-vos graças e compaixão?

— A que vindes então? perguntou o governador com sobranceria.

— Venho exigir justiça e reparação do agravo que me fizestes, suspeitando de minha honra e maculando meu nome!

— Ousais ameaçar-me?... E agora vejo que estais armado! disse D. Diogo com desprezo.

O mancebo com um movimento rápido arrojou de si as armas:

— Estas eram armas para vossos guardas, se me impedissem chegar até aqui; para Vossa Senhoria trago-as de melhor têmpera. As provas cabais de minha inocência e do que acabo de prestar a El-Rei.

D. Diogo de Menezes sabia conhecer os homens; seu