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NARIZINHO ARREBITADO

xo do braço o feixe de sobrancelhas colhidas. Mediu a altura das tócas com a bengala.

— Realmente, são optimas, disse. Só receio que móre cá dentro alguma féra pelluda.

E para certificar-se cotucou-as bem lá no fundo.

— Hu! Hu! Sáe fóra, bicho immundo!...

Não sahiu féra nenhuma, mas como a bengala fizesse cocegas no nariz de Lucia, o que sahiu foi um formidavel espirro — "Atchin"!... Os dois bichinhos, pegados de surpreza, reviraram de pernas para o ar, cahindo um grande tombo no chão.

— Eu não disse? exclamou o besouro, levantando-se e escovando com a manga a cartolinha suja de terra. E' sim, ninho de féra — e de féra espirradeira! Vou-me embora. Não quero negocios com essa gente. Até logo! Faço votos para que sare e seja muito feliz, principe!

E lá se foi, zumbindo que nem um areoplano.

O peixinho, porem, era muito valente. Alli permaneceu firme, cada vez mais intrigado com a tal montanha que espirrava. Por fim a menina teve dó delle e resolveu esclarecer o mysterio. Sentou-se de subito, dizendo:

— Não sou montanha nenhuma, peixinho. Sou Lucia, a menina que todos os dias vem dar comida a vocês. Não reconhece?

— Era impossivel reconhecel-a. Vista de dentro dagua é tão differente...

— Posso parecer differente, mas garanto que sou a mesma. Esta senhora aqui é a minha amiga Emilia.

O peixinho saudou respeitosamente a boneca, apresentando-se em seguida como o principe Escamado, rei do Reino das Aguas Claras.

— Principe e rei ao mesmo tempo! exclamou a menina batendo palmas. Que bom, que bom, que bom! Sempre tive grande vontade de conhecer um principe-rei.

Conversaram longo tempo, acabando o principe por con