vidal-a a uma visita ao seu reino. Narizinho ficou num grande assanhamento.
— Pois vamos e já, gritou, antes que tia Nastacia me chame.
E lá se foram de braços dados, como dois velhos amigos. A boneca seguiu atraz sem dizer palavra.
— Parece que dona Emilia está emburrada, observou o principe.
— Não é burro, não, principe. A pobre é muda de nascença. Ando até a ver se encontro um bom doutor que a cure.
— Tenho um excellente na corte, o celebre doutor Caramujo. Emprega umas pilulas que curam todas as doenças, menos a gosma delle. Tenho a certeza de que põe a senhora Emilia a falar pelos cotovelos.
E ainda estava a contar os milagres das famosas pilulas quando chegaram a certa gruta que Narizinho jamais havia visto naquelle ponto.
— E' aqui a entrada do meu reino, disse o principe.
Narizinho espiou, com medo de entrar.
— Muito escura, principe. Emilia é uma grande medrosa.
A resposta do peixinho foi tirar do bolso um vagalume de cabo de arame, que lhe servia de lanterna viva. A gruta clareou até longe e a "boneca" perdeu o medo. Entraram. Pelo caminho foram saudados, com grandes marcas de respeito, por varias corujas e numerosissimos morcegos. Minutos depois chegaram ao portão do reino. A menina abriu a bocca, admirada.
— Quem construiu este maravilhoso portão de coral, principe? E' tão bonito que até parece sonho!...
— Foram os Polypos, os pedreiros mais trabalhadores e incansaveis do mar. Tambem meu palacio foi construido por elles, todo em coral cór de rosa e branco.