tender como funcciona a cabeça da Emilia! Ora raciocina uito bem, tal qual gente. Outras vezes, é assim — tão torto que deixa uma pessoa atrapalhada..."
O cavallo pangaré veio, a menina montou e lá partiram todos pela estrada afóra — “pác, pác, pác...” Em certo ponto Narizinho disse á boneca:
— Vamos apostar corrida?
Emilia acceitou, muito assanhada.
— Pois toque, então!
Emilia — "lept, lept!" chicoteou o cavallinho pampa, disparando numa galopada louca. Narizinho, porém, não se moveu do lugar. O que queria era ficar só com o marquez de Rabicó para uma conversa reservada — o casamento delle com a condessa.
— Mas afinal de contas, marquez, quer ou não quer casar-se com a condessa?
— Já declarei que sim, isto é, que casarei, se o dote for bom. Se me derem, por exemplo, dois cargueiros de milho, casarei com quem quizerem — com a cadeira, com o pote dagua, com a vassoura. Nunca fui exigente em materia matrimonial.
— Guloso! Pois olhe que vae fazer um casamentão! Emilia é feia, não négo, mas muito boa dona de casa. Sabe fazer tudo, até fios de ovos, que é o doce mais difficil. Pena ser tão fraquinha!...
— Fraca? exclamou o marquez admirado. Não me parece. Tão gordinha que está...
— Engano seu. Emilia, desde que cahiu nagua e quasi se afogou, parece ter ficado desarranjada do figado. E aquella gordura não é banha, não, é macella! Emilia o que está é estufada. Inda a semana passada tia Nastacia a recheiou de mais macella.
O marquez pensou lá comsigo: "Que pena não a ter recheiado de fubá!" mas não teve coragem de o dizer em voz alta, limitando-se a exclamar :