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O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

— Pois pensei que fosse toucinho e do bom!...

— Que esperança! Toucinho do bom está aqui, disse a menina apalpando-lhe o lombo. Dos taes que dão um torresminho delicioso! e lambeu os beiços, com agua na bocca. Felizmente o dia de Anno Bom está proximo!...

Natal era dia de leitão assado no sitio, mas Rabicó não sabia disso.

— Dia de Anno Bom? repetiu elle sem nada comprehender. Que tem o Natal com o meu toucinho?

— Nada! E' cá uma coisa que sei e não é da sua conta, respondeu a menina piscando o olho.

E assim nessa prosa alcançaram a condessa, que estava damnada com o logro.

— Não achei graça nenhuma! foi dizendo logo que a menina chegou. Nem parece coisa duma princeza (Emilia a tratava de princeza só nas brigas).

— Pois eu, Emilia, estou achando uma graça extraordinaria na sua zanguinha! Sua cara está que é ver aquelle bule velho de chá, com esse bico...

Mais zangada ainda, Emilia mostrou-lhe a lingua e dando uma chicotada no cavallinho tocou para a frente, resmungando alto:

— Princeza!... Princeza que ainda toma palmadas de dona Benta e leva pitos da negra beiçuda ! E tira ouro do nariz... Antipathia!...

Calumnias puras, Narizinho nem tomava palmadas, nem levava pitos, nem tirava ouro. Emilia, sim!...


VII — O ASSALTO


Nisto o matto farfalhou á beira do caminho. Os cavallinhos se assustaram, empinando.

— A quadrilha Chupa-Ovo! gritou Emilia aterrorizada, erguendo os braços como no cinema. Narizinho tambem empallideceu, procurando instinctivamente agarrar-se ao