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O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

— "Coin! coin! coin!" protestava o pobre marquez.

— Espora nelle, jaboti! gritava a boneca. Espora nesse guloso que me comeu os croquetes!

— E tambem umas boas lambadas por minha conta! murmurou uma voz fina no ar.

Todos ergueram os olhos. Era a libellinha enganada, que ia passando, veloz como um relampago.

O caso foi que Rabicó nesse dia perdeu pelo menos um kilo de peso e pagou pelo menos metade dos seus peccados...

Depois desse incidente puzeram-se de novo em marcha, só parando numa figueira de boa sombra, já pertinho do sitio.

— Ponto de almoço! gritou Narizinho, que estava com uma fome tyranna. Desde que sahira de casa só comera os bolinhos trazidos.

Apearam-se. Estenderam no chão uma toalhinha. Tom-Mix abriu dois barriletes de mel. Narizinho remexeu o bolso a ver se ainda encontrava algum pedaço de bolo. Não encontrou nem o besouro. Tinha fugido, o ingrato! Puzeram-se a comer mel puro, unico alimento que existia.

No melhor da festa — "prrlipipiu!" um passarinho cantou na arvore proxima. A menina ergueu os olhos: era um pichochó.

— Emilia, disse ella intrigada, você não acha aquelle pichochó com um certo ar de Pedrinho?

— Muito! E querem ver que é elle mesmo?

— Pedrinho! Pedrinho! Vem cá, Pedrinho! gritou Narizinho afflicta.

O pichochó desceu da arvore, vindo pousar em seu hombro.

— Então que é isso, Pedrinho? Deixo você em casa feito gente e venho encontrar você transformado em ave!...

— Assim é, respondeu elle. Todos viramos ave lá em casa.