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O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

Nisto chegaram os outros.

— Veja, Emilia, que desgraça! gritou Narizinho em lagrimas. Vóvó é aquelle bicho cascudo que está na rede! Nastacia é aquella gallinha horrenda que mais parece urubú...

Emilia olhou, olhou e tambem rompeu em choro, abraçando-se com a menina.

— A unica esperança que nos resta é Tom-Mix, disse Narizinho. Mas este caso é tão difficil que receio que nem elle possa nos salvar...

Passaram-se dois dias. Narizinho, inconsolavel, não podia conformar-se com a idéa da sua querida avó tartarugando na rede, nem de tia Nastacia volta e meia botando um ovo na cozinha.

— Sossegue, Narizinho! Tom-Mix é um damnado. De repente reapparece e concerta tudo, como no cinema, dizia a boneca para a consolar.

— Mas está demorando tanto, Emilia!...

— Dois dias só. Você sabe que a conta para tudo é tres...

Chegou afinal o terceiro dia. As duas amiguinhas, postadas á janella desde cedo, espiavam os horizontes ansiosas. Nem uma poeira se erguia!

— Qual, Emilia! Está tudo perdido... Se a velha tem o poder de virar os outros em bicho, tambem pode virar-se a si propria em pedra, arvore, tronco secco — e como ha de Tom-Mix saber?

— Paciencia, Narizinho! Vae ver que repente rompe elle por ahi com a velha na ponta da faca...

Palavras não eram ditas e um cachorrinho latiu no terreiro.

— Deve ser elle! gritou Emilia correndo para a porta.

E era mesmo. Era Tom-Mix que voltava, com dois revolveres apontando e a velha á frente, de braços erguidos.