Página:As Reinações de Narizinho.pdf/89

Wikisource, a biblioteca livre
84
O MARQUEZ DE RABICO´'

fazer uma visita á senhora condessa de Tres Estrellinhas e pedil-a em casamento para o seu illustre filho, o senhor marquez de Rabicó.

— Esperem um minutinho que já abro, respondeu a menina. E dirigindo-se á boneca:

— Vê, Emilia? Elle, além de principe, é marquez. De modo que se você se casar com elle começa já a ser marqueza e um dia virará princeza. Não pode haver futuro mais bonito para uma coitadinha que nasceu na roça e nem em escola esteve. Você vae ser a Gata Borralheira das bonecas!...

Emilia deu tres pulinhos de alegria e foi correndo botar mais um pouco de pó de arroz. Emquanto isso o visconde entrou.

Narizinho fez-lhe uma reverencia respeitosa e respondeu, sem dar a entender que estava falando com um rei disfarçado:

— Muito prazer, senhor visconde! Puxe uma cadeira e sente-se no chão. Creia que fico muito satisfeita de saber que seu filho é marquez. E como vae a senhora viscondessa?

— Sou viuvo, respondeu elle, enxugando uma lagrima.

— Meus pezames! E a senhora sua mãe, dona Palha de-Milho?

O Visconde suspirou.

— Coitada! Falleceu de um horrivel desastre...

— Como? Conte-nos isso, exclamou Narizinho, fingindo uma grande afflicção.

— Pois é. Foi comida pela vacca mocha, explicou o VISconde, enxugando nas palhinhas de milho que lhe serviam de barba duas lagrimas, uma de cada olho.

— A pobre! murmurou a menina muito triste. Eu sinto bastante, visconde, mas o mundo é isto mesmo. Um come o outro. A vacca mocha come as donas Palhas e a gente come