O senhor Vidro Azul coçou o gargalo.
— Sim, mas...
— Não tem mas, nem meio mas! Quem manda neste casamento sou eu. O marquez fica por lá e eu fico por cá, declarou Emilia toda espevitadinha, de nariz torcido.
O representante do noivo suspirou.
— Que pena! O senhor marquez já mandou construir um castello tão bonito, de ouro e marfim, com um grande lago na frente...
Emilia deu uma risada.
— Eu conheço os lagos do marquez! São como aquelle celebre lago azul que prometteu á Libellinha, quando nós fomos ao Reino das Abelhas.
O senhor Vidro Azul atrapalhou-se. Viu que Emilia não era nada tola e não se deixava enganar facilmente. Procurou remendar.
— Sim, um lago. Não digo um grande lago, mas um pequeno lago, um tanque...
— Uma lata d'agua, diga logo! completou Emilia mordendo os beiços.
Narizinho interveio, reprehensiva.
— Você está aqui para noivar, Emilia, para dizer coisas bonitas e amaveis, não para brigar com o representante do Marquez. Veja lá, hein?
E dirigindo-se ao representante:
— O senhor marquez não escreveu ainda uns versos para a sua noiva?
— Escreveu sim, respondeu o Vidro Azul, mettendo a mão no gargalo e sacando um papelzinho. Aqui estão elles.
E recitou:
Pirolito que bate bate,
Pirolito que já bateu,
Quem adora o marquez é ella,
Quem adora Emilia sou eu.