— Bravos! exclamou Narizinho batendo palmas. São lindos esses versos! O marquez é um grande poeta!...
Emilia, porém, torceu o nariz e até ficou meio damnadinha.
— O verso está errado! disse ella. Vou casar-me com elle mas não "adoro" coisa nenhuma. Tinha graça eu "adorar" um leitão!
Narizinho bateu o pé e franziu a testa.
— Emilia, tenha modos! Não é assim que se trata um poeta. Você vae ser marqueza, vae viver em salões e precisa saber fingir, ouviu?
Depois, voltando-se para o representante:
— Peço-lhe mil desculpas, senhor Vidro Azul! Emilia tem a mania de ser franca. Nunca viveu em sociedade e ainda não sabe mentir. Não é aqui como o nosso visconde Sabugosa, que fala, fala e ninguem sabe nunca o que elle realmente está pensando, não é visconde?
O visconde fez um gesto que tanto podia ser sim como não.
Desse modo conversavam todas as noites, longo tempo, até que vinha o chá. Chá de mentira, com torradas de mentira. Tomado o chá, o visconde e o representante se despediam e Narizinho acompanhava-os até á porta, onde dizia:
— Não tenha medo, senhor Vidro Azul. Pode dar um beijinho nella por conta do marquez.
O representante beijava Emilia na testa e retirava-se, acompanhado do visconde...
Passada uma semana, a menina queixou-se a dona Benta :
— Este noivado está me acabando com a vida, vóvó! Todas as noites a fazer sala para os noivos, como isto cansa!...
— Mas que é que está faltando para o casamento, menina?
— Faltam os doces.