Mas atualmente essa popularidade artificial que a ordem da polícia dará à minha obra, já não me lisonjeia; de volta às minhas lidas de advogado, as veleidades literárias passaram, e o pequeno rumor que elas pudessem fazer não seria capaz de distrair-me de outros estudos; apenas delas me restam as lembranças do prazer que sentia vendo a minha ideia surgir como um gérmen imperceptível, crescer e materializar-se numa criação; paternidade do espírito, gozo supremo da inteligência, que só compreendem aqueles que escrevem.
Não é pois o despeito que me obriga a quebrar o silêncio, e trazer à imprensa, uma discussão literária; não posso ressentir-me de um fato que concorrerá para dar voga, embora efêmera, ao meu livro; mas prezo-me de respeitar a moral pública, não só nas minhas palavras, como nas minhas ações; e custar-me-ia muito deixar pesar sobre mim uma suspeita injusta.
Eis a única razão por que discuto; não desejo a revogação da ordem; não aspiro à representação da minha comédia; se quiser dar-lhe maior publicidade, tenho ainda um meio, a imprensa, que não está sujeita à censura policial.
Ninguém ignora que uma composição dramática qualquer não pode ser levada à cena nos teatros desta corte sem duas formalidades essenciais: a