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Valdir Ramalho

1 Alguns livros recentes

Para conveniência do leitor que não tenha intimidade com o assunto, citemos alguns bons livros recentes, sem pretensão de levantamento completo. Uma introdução sólida é Santos-Dumont: o homem voa, de Henrique Lins de Barros (2000). Também é valiosa Alberto Santos-Dumont: o pai da aviação, de Fernando Hippólyto da Costa (2006), que reorganiza, em formato com maior beleza gráfica, material de seu livro mais antigo de 1982 e 1990.

Note-se que alguns títulos põem hífen no nome do aeronauta (ausente na forma legal do nome). Eles seguem a prática do próprio aeronauta (aparentemente para não ser chamado, na França, só de Dumont, um nome muito comum). Neste artigo é posto o hífen somente quando aparece no título de alguma obra. Também se mantém a grafia do português da época nos títulos de obras antigas.

Entre as obras com mais conteúdo, e mesmo assim agradáveis de ler, destacam-se Alberto Santos-Dumont: novas revelações, de Cosme Degenar Drumond (2009); Santos-Dumont e a invenção do vôo, obra ricamente ilustrada de Henrique Lins de Barros (2003); a nova edição do livro do escritor Fernando Jorge (2003; 2007) As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont; e o livro de Paul Hoffman (2003a) Wings of madness, lançado entre nós como Asas da loucura (2003b).

É gratificante constatar que esses autores se esforçaram para localizar material histórico e, na medida do possível, melhorar a visão que temos de Santos Dumont. Sobre ele e sobre sua família, fornecem dados e detalhes que não constavam nas obras tradicionais. Cosme Degenar Drumond estudou minuciosamente arquivos em mãos de descendentes do aviador. Lins de Barros foi buscar documentos franceses da época crucial no início do século XX. Fernando Jorge — que é veterano, sendo de 1973 a primeira edição de seu livro — levantou livros de memórias e biografias de pessoas que conheceram o aviador no período final da vida. Hoffman recorreu a jornais e revistas em inglês da época, como o New York Herald, a Century Magazine, a McClure's Magazine, explorando fontes esquecidas até então.

Vale a pena apreciar a excelente coleção de fotos, recuperadas com técnicas recentes de informática, organizada e apresentada por João Luiz Musa, Marcelo Breda Mourão e Ricardo Tilkian (2001) em Santos-Dumont: eu naveguei pelo ar. As fotos são nítidas como se tivessem sido tiradas hoje.

Uma das lendas sobre Santos Dumont é que, em 1910, ele teria recebido o diagnóstico de esclerose múltipla. Biografias recentes tendem a repudiá-la, interpretando a maturidade do aviador como sujeita a frequentes crises de depressão. É o que faz Cosme Degenar Drumond (2009). Entre os primeiros a fazê-lo estão dois atraentes

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scientiæ studia, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 687-705, 2013