"no limite só há hoje um único computador, um único suporte para texto, mas tornou- se impossível traçar seus limites, fixar seu contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em nenhuma, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si." (LEVY, 1999, p.44)
De acordo com o autor, esse meio representa a universalidade sem a totalidade, pois ao mesmo tempo que uma informação e/ou conteúdo pode estar ao alcance de todos os integrantes da rede e, portanto, presente em todos virtualmente, não está na totalidade, apenas em quem a armazena.
Embora uma análise superficial sobre o ciberespaço possa se deixar ofuscar pela maravilha tecnológica envolvida nos processos ocorridos em ambientes digitais, é sempre preciso recordar o papel primordial exercido pelo ser humano dentro desta dimensão. O ciberespaço não é autônomo e as máquinas não são — até o momento — as protagonistas, todo o aparato tecnológico digital serve para satisfazer as necessidades do homem racional.
Nesse contexto, Egler (1999) indica que "navegar no ciberespaço é observar a multiplicidade de lugares, processos, oportunidades de vida, de trabalho, de lazer, que se sucedem na tela do vídeo." A relação do sujeito com o espaço se modifica, o sujeito percorre o espaço remotamente, trata-se de uma relação acorporal que altera a interação entre matéria e espaço.
Ainda segundo Egler, essa nova espacialidade reconstrói as formas e os processos da sociedade atual. "Podemos observar que as novas tecnologias produzem instantaneidades e eliminam a importância da localização, que alteram os padrões centralmente organizados e reduzem as necessidades espaciais." (EGLER, 1999) A proximidade de espaço, normalmente associada como fundamental para a troca de informações e tomada de decisões, é substituída pela interação via rede.
Em face dessas considerações é possível, portanto, analisar o ciberespaço como sendo um ambiente que conecta, cataliza e amplifica comportamentos inerentes aos seres racionais no intuito de satisfazerem suas necessidades de forma individual ou coletiva.