esfera pública, senão ao ponto de extinguir o Estado, ao menos até reduzi-lo aos seus mínimos termos. Sem canais de transmissão de opinião pública a esfera da sociedade civil perde sua função contestadora e permanece somente a opinião oficial do Estado, tornando este um Estado totalitário.
Para Lemos (2004), "o enfraquecimento dos 'espaços de lugar' (ruas, praças, monumentos) em prol do espaço midiático ou espaço de 'fluxos' passa a ser a realidade do século XX, criando um processo de privatização do público e publicização midiatizada do privado." A esfera pública passa a ser a imagem da mídia de massa. A opinião pública é condicionada à informação que é transmitida pelos meios de comunicação e ao produzido pela indústria cultural. De acordo com Habermas:
"Quando tomamos consciência da imagem difusa da esfera pública veiculada pela sociologia da comunicação de massa, que aparece submetida ao poder e à dominação dos meios de comunicação de massa, cresce nosso ceticismo com relação às chances de a sociedade civil vir a exercer influência sobre o sistema político." (HABERMAS, 2003, p.113)
Nesse sentido, o autor demonstra certa descrença no arcabouço formador da opinião pública, porém complementa,
"Todavia, tal avaliação vale somente para uma esfera pública em repouso. Pois, a partir do momento em que acontece uma mobilização, as estruturas sobre as quais se apóia a autoridade de um público que toma posição começam a vibrar. E as relações de forças entre a sociedade civil e o sistema político podem sofrer modificações." (HABERMAS, 2003, p.113)
Entretanto, apesar dos meios de comunicação terem de certo modo uniformizado a opinião pública, a expansão do ciberespaço pode ser analisada como alternativa ao surgimento do novos espaços para a ação da sociedade civil e consolidação de uma esfera pública livre.
Lemos (2004), indica que "o ciberespaço não é um mass media e pode agir de forma diferenciada em relação ao espaço público e à opinião pública formada pela cultura de massa. As redes telemáticas não atuam na forma "um-todos" quebrando a hegemonia de um único discurso sobre o que é o público e sobre qual é a opinião pública." Ainda, o cidadão consumidor passivo transforma-se gradualmente em um cidadão "hiperconectado" sendo obrigado a interagir cada vez mais com redes e instrumentos de comunicação digitais.