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mento que só póde ser levado a bom termo pelos dois povos; que só se desenhará em realidades promissoras quando a realeza portuguesa constituir mera recordação historica.

Faço votos por que v. ex.ª veja em breve realizadas as nossas aspirações communs. Se, porém, o nosso esforço interno não chegar para tanto, creia v. ex.ª que, para não falharem os seus destinos historicos, o Brasil e Portugal se hão de approximar cada vez mais e cada vez mais intensamente a democracia brasileira ha de exercer fatal acção sobre a nação portuguesa, abreviando os dias do regimen monarchico e apressando o advento da Republica Portuguesa.

Não ha mais eloquente lição do que a dos factos. Não ha mais violenta propaganda do que a comparação antithetica dos povos brasileiro e português. E, cada português, que volte á patria não tarda em sentir magnitude da acção da Republica no Brasil e em reconhecer a falta das instituições a que lá se afizera.

Garanto-o a v. ex.ª: se não fizermos a revolução, o Brasil ha de republicanizar Portugal. V. ex.ª conhece melhor que eu o poder da osmose social.»

Eis a origem deste trabalho. Julguem brasileiros e portugueses se as convicções, que elle traduz, carecem de fundamento.