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LIX. O GIGANTE DE PEDRA

Ainda a noite enchia todo o céu e cobria toda a terra, e já todos os passageiros estavam acordados, na tolda, ansiosos por admirar o espetáculo da entrada da barra do Rio de Janeiro. No escuro, os vultos moviam-se como fantasmas, falando alto e rindo; e todos esperavam com entusiasmo o gozo artístico que a contemplação do panorama lhes prometia. O primeiro luzir da manhã já encontrou Carlos e Alfredo de pé, ao lado dos outros, encostados à amurada, do lado da proa.

Quando o paquete enfrentou a barra, uma leve cor de rosa desmaiada começava a tingir as montanhas cujos vultos imensos pareciam defender zelosamente a entrada do porto, como sentinelas de pedra. O paquete diminuiu a marcha. Com o lento clarear da aurora, a luz do farol da ilha Rasa, que varria intermitentemente as águas, empalidecia. Uma claridade mais forte cobriu de repente o Pão de Açúcar, que se erguia à esquerda do navio, formidavelmente, dominando as águas. À direita, tremeluziam esmaecidas as luzes da fortaleza de Santa Cruz. Os dois meninos, calados e trêmulos de emoção, contemplavam