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— Qual é o primeiro porto em que entra o vapor?

— Maceió, capital de Alagoas. Passaremos pela costa de Sergipe; daqui a quatro horas, estaremos defronte de Aracaju, mas não entraremos. Amanhã cedo, entraremos em Maceió, sairemos amanhã mesmo, à tarde. Depois de amanhã, estaremos no Recife.

— Já vi a navegação no São Francisco, e em Juazeiro; mas é tão diferente desta!

— Ah! Sim! Também já viajei muito em rio, no Cotinguiba, porque sou Maroim, em Sergipe. Conheço também o São Francisco, em baixo. Já morei em Penedo. Hoje mesmo, ao escurecer, passaremos defronte da barra do São Francisco...

No outro dia, uma onda de passageiros invadiu a proa do paquete. Eram outros trabalhadores contratados para Manaus. Era gente do centro do sertão, caboclos vigorosos; Juvêncio reconheceu-lhes os gestos, o falar, e ficou satisfeito com a companhia.

Não podia ir à terra, por muito que o desejasse: queria evitar despesas.

Maceió, vista de longe, pareceu-lhe uma cidade encantadora: o porto agitado, a gente alegre, a paisagem pitoresca.

Partido o vapor, formou-se uma roda de pessoas, não muitas, porque a maior parte enjoou. Uma delas tomou a direção da conversa. Era quem chefiava o grupo — um cearense decidido, que viera por toda a costa a engajar trabalhadores: organizava as turmas, e mandava-as; aquela era a última, e ele seguia com ela.

Discorria como um professor.