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LXXVI. A VIDA NA AMAZÔNIA

Durante dois dias, esteve o paquete em São Luiz do Maranhão. Os passageiros espalharam-se pela cidade. São Luiz não tinha o aspecto sorridente de Fortaleza, nem a quietude simples do Natal. Era solene e triste; mas Juvêncio não se cansava de passear pelas ruas. Não poderia dizer porque, mas a terra agradou-lhe. Era a beleza geral da cidade, a sincera cordialidade da gente...

O pequeno sertanejo, sem instrução, não podia compreender bem todas as conversações que ouvia. Mas percebia o natural orgulho com que o povo falava da história do Maranhão, das guerras contra os franceses e os holandeses, e das revoluções contra o domínio português e o Império. Um homem do povo, que passeava com Juvêncio, à noite, ao luar, mostrou-lhe a estátua de Gonçalves Dias; e cantou, com uma singela música tocante, alguns versos do poeta maranhense:

Enfim te vejo! Enfim posso

Curvado a teu pés, dizer-te

Que não cessei de querer-te,

Pesar do quando sofri...