Em chegando o soberano, não pôde Antreo, suporta aquela violenta dor, a que excita a verdadeira amizade, e lhe disse: Não permitam os Céus, que a minha culpa entregue à morte a Albênio. Eu fui, Senhor, o que disse, que ele era Cretense, eu por ele me ofereço ao sacrifício, não só amigo, como Teseo, mas por ter faltado à verdade, conhecendo ser a minha vida tão inútil, quanto a sua precisa; e assim juro na presença se Júpiter soberano que não é Cretense, como eu disse. Mandou-me perguntar, quem eu na realidade era, donde vinha, e se haveriam ali testemunhas da minha verdade. Ao que respondi em alta voz: Sacro Nume, vós que sabeis que não sou Cretense, que é preciso que eu gire o Mundo em baixa fortuna, sem delito algum, que me acuse, de que não devo descobrir quem sou, que decência soberana me ensinar a calar, a não temer à morte, e a sofrer contratempos, acudi pela verdade, pois sois a melhor testemunha do que sinto, e do que digo. Todo o povo principiando a inquietar-se fazia um tal rumor, que muito me afligia: o Rei, e o Sacerdote estavam suspensos, não sabendo resolver-se. Pouco a pouco foi o Céu cobrindo-se de feias nuvens, que parecendo determinavam acabar o dia, com infinitos relâmpagos, e raios ameaçavam aqueles tiranos.
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