Página:Aventuras de Diofanes.djvu/280

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livre habilitação, fosse algum Rei avaro inquietar a sua liberdade, a qual não estavam em estado de defender; eu lhes segurei que viveríamos com eles, ao que me obrigou a falta de armas, e de mais alguma gente. Sem consolação chorávamos o nosso desterro, pois não víamos meio algum, que nos desse liberdade, e com ardentes suspiros me magoava da belíssima Hemirena, vendo castigados os delítos de buscá-la, não sabendo merecê-la; assim passava sem esperar mais alívio, que a morte. A preguiça daquela gente era incomparável; e como a da ociosidade não só se geram os vícios, mas se alimentam moléstias cogitações, Arsidas, e Antreo se ocupavam em tirar a lã de algumas peles, de que eram ali quase todos os vestidos; e os outros, conforme puderam, a ensinaram a fiar às mulheres: eu me aplicava em tristes poesias, e curiosas experiências das plantas, águas, e frutos, que faziamos recolher em estado de servirem de alimento, quando pelo rigor do tempo costumava padecer aquela agreste gente. O trigo, que só recolhiam do que no ano antecedente caía pela terra, guardávamos; e semeando-o no seguinte, a fertilidade o tornava com tanta abundância, que o repartíamos com os vizinhos, que também assim aprendiam. Desta sorte fomos