que o ter caído naquela escura habitação, não fora sem que o determinassem os Deuses, para ali também buscasse aqueles, por quem suspirava: e ainda que para este fim me oferecia a sua barca, eu não podia ver mais que multidão de mortos, e rogava a Caronte me encaminhasse a ver o trono de Plutão, ao que logo me satisfazia; e chegando a ver o seu pálido, e enrugado semblante, observava que seus úmidos e espantados olhos só empregava sem furor em sua esposa Proserpina, que estava a seu lado; o trono daquele Deus terrível era colocado sobre as vinganças, que vertiam sangue: o ódio cego, a inveja bebendo o seu mesmo veneno; as vontades, que incitam os danados zelos, e os mal nascidos desvelos; a um lado estava a cruel, e pálida devoradora afiando continuamente a foice comas feias companheiras, que não cansavam em seus empregos; as espantosas visões, e horrendas fantasmas, que maltratam os vivos, estavam ao outro lado sempre inquietas; Plutão fazendo-me estremecer com seu furioso olhar, e triste aspecto, me dizia com rouca voz: se os que buscas foram separados dos corpos, só os poderás achar naquela parte do meu Reino, que é destinada aos que foram poderosos; e já que chegas a violar este sagrado,
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