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Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/27

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E Oliveiros partindo
Disse Ferrabraz comsigo
Aquelle estando em perigo
E’ dos que morre surrindo
Rios de sangue sahindo
Inda elle diz, isso é nada
A batalha está travada
Porem elle nada estranha
Joga a vida na campanha
Crer em Deus e na espada.

Quando Oliveiros sahiu
Do mato para estrada
Uma grande tropelada
Já muito perto sentiu
Um rei turco, ahi o viu
E fitou bem para elle
Conheceu que havia nelle
Força e destreza de mais
Gritou, matou Ferrabraz
E vem no cavallo delle.

E indo logo encontral-o
Lhe disse tú me darás
Noticias de Ferrabraz
O donno deste cavallo
Oliveiros para enganal-o
Disse elle foi descançar
E não quer mais adorar
Um Deus falso illudidor
Está com meu imperador
Onde vai se baptisar.

O turco disse: Christão
Serás um dos cavalleiros?
Serás tú o Oliveiros
Que de Borgonha ou Roldão?
O almirante Balão
Deseja um desses pegar
Para mandal-o queimar
A elles e ao teu senhor
Esse teu imperador
De quem hei de me vingar.

Ahi logo começou
Uma batalha tremenda
Uma mortandade horrenda
Que o sangue ao campo insopou
Um grande exercito avançou
Com tanta disposição
Que feria o coração
Ver turcos feitos em pedaços
Uns sem perna outros sem braço
Rolando vivo no chão.