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Página:Boletim das Missões Civilizadoras n.o 23 (1925).pdf/16

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desde o vasto império da India fundado pelo seu primeiro vice-rei, o imaculado homem que foi D, Francisco de Almeida, se estendia ao longo do imenso territorio africano; e tanspondo os mares se fixava no importante continente americano, com a descoberta das terras de Vera Cruz, levada a cabo pelo intrépido navegador, Pedro Alvares Cabral, saibamos, ao menos, conservar o pouco que ainda nos resta das antigas conquistas, com aquele amor, carinho e veneração de que são bem dignos os homens que nos deixaram tal legado, e que formaram a imensa pleiade em que brilham os nomes gloriosos de Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque. Não basta enaltecer êsses feitos sobrehumanamente heroicos; não basta citar a cada momento, como refrigério ás culpas que pézam sobre nós, filhos negligentes que não soubemos defender, como deviamos, a herança paterna, da cubiça de aváros e ricos potentados, não basta vivermos preguiçosamente falando das nossas tradições históricas; é preciso mais alguma coisa: agir; agir com consciência, acerto e prontidão; volver a vista, há tanto tempo afastada, para as possessões que ainda nos restam.

A única forma de se desenvolverem as nossas vastas e importantes colonias, e de as não vermos sossobrar pela inépcia, reside na educação a dar aos povos indigenas dêsses territórios.

O titulo dêste nosso modesto trabalho, revela bem que nos preocupa mais a educação dum povo que a sua instrução. Sem descurar, todavia, êste ultimo, achamos que todas as atenções devem convergir para o desenvolvimento do primeiro problema, sem a difusão do qual, nação alguma jamais conseguirà impor-se e poderá fazer respeitar os seus direitos.

Temos o adagio popular que diz: « Mais vale tarde que nunca. » — Pois bem: dediquemos á propaganda educativa os nossos melhores esforços; empenhemos toda a nossa boa vontade em engrandecer esta faixa de terra situada na parte mais ocidental da Europa e que se chama Portugal, pátria de todos nós; patria esta que se perde por entre os extensos sertões da Africa, onde polula uma enorme população de raças diversas, que, bem aproveitada, bem orientada, muito contribuirá para o bem estar da metrópole.

Volvendo os olhos para as colónias inglesas, francesas, holandesas e até hespanholas, vêmos a sábia orientação adoptada por êstes paizes e os benéficos resultados que êsses processos lhes tem trazido.

Pois bem: com as modificações que os diferentes povos exigem, sigamos nas nossas colónias, o processo por aquelas potencias empregado, que nos não ficará mal a imitação.

E' portanto o que há a fazer sob o ponto de vista da educação colonial. Enquanto os povos das outras nações fazem progredir as suas colónias com novos processos racionais por êles empregados, não fiquemos nós inertes: sigamos-lhe o exemplo, com o que Portugal muito lucrará.

Mas, objectar-nos-hão: as colónias estão providas de Escolas, algumas até de Liceus, onde se ministra a instrução aos indigenas. Sim,