Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/106

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glorioso renome. Acesa de ânimo, cheia de coragem, quis logo compartir a glória dos combatentes na defesa de tantas vidas; e era para ver-se como a ilustre paulista animava os guerreiros no meio de tão encarniçado conflito já ministrando armas a uns, já levando pólvora a outros, e sempre repetindo; “Viva a fé de Cristo!”

Alguns judeus, que iam presos e remetidos ao tribunal do Santo Ofício, desejando o triunfo dos argelinos, preferindo o peso dos grilhões do cativeiro aos tormentos infernais dos cárceres da Inquisição, e ao fogo das suas horrorosas fogueiras, acusavam o capitão de temerário e de imprudente, desanimando assim os que combatiam pela própria conservação, honra e liberdade; e diziam que não era nem valor, nem acerto, aceitar batalha com desigual partido; que a defesa passava a temeridade, quando se não podia duvidar do vencimento; e que melhor era entregar a nau antes do estrago, que depois da vitória, porque os mouros castigariam em todos a culpa de um só, não dando quartel; que o capitão pelejava antes pela sua fazenda embarcada em a nau, do que pela liberdade, honra da nação, e defesa da fé. Dona Rosa, repreendendo-os com energia, a todos persuadiu, que era a morte em tal caso preferível à capitulação e cativeiro de tão bárbara gente, segurou os ânimos dos combatentes, tomados de entusiasmo e admiração, por verem que uma senhora sabia pôr em prática o