Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/107

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que ensinava por suas palavras. Ela deixou as roupas do seu sexo, trajou à militar, e, confundida com eles, pelejou a batalha, afrontou os perigos, sem que o espetáculo terrível e sanguinoso de um tal conflito lhe quebrasse o ânimo.

Amiudadas eram as descargas de artilharia e mosquetaria das naus infiéis: nuvens de projetis choviam de momento em momento sobre o convés, e aos repetidos gritos das tripulações inimigas de “Amaina! Amaina!” respondia a corajosa guerreira paulistana com altos brandos de “Viva a fé de Cristo!” Levando uma bala a cabeça do condestável, que dirigia uma peça, e na ocasião em que ia fazê-la disparar, lançou-lhe D. Rosa o fogo, ficando no mesmo lugar até que um artilheiro a viesse substituir.

A batalha ferida ao despontar do sol durou até ao seu ocaso, e só foi suspensa à chegada da noite. Os nossos, aproveitando o ensejo favorável, entregaram-se a atos de piedade, amortalhando os mortos, curando os feridos e reparando também a nau do melhor modo possível, e porque se houvesse acabado o cartuxame, aprontou dona Rosa, ajudada por duas negras e duas velhas índias, que pouco trabalhavam, para mais de trezentos cartuchos, certa de que no dia seguinte maior seria o combate e coroado da vitória.

Aos primeiros raios do sol, surgindo sobre a superfície das águas do Oceano, travou-se de novo o conflito com